Sobre Acolhimento...
Quando digo que não devemos nos limitar aos muros institucionais,
É sobre ter, estabelecer vínculos,
É sobre laços empáticos. Olhar acolhedor.
Toda segunda-feira é dia do grupo Coletivo Feminino, onde atendemos mulheres que estão em tratamento ambulatorial diante de um sofrimento psíquico. Hoje, ao chegarmos no nosso espaço notamos a ausência de duas pacientes do mesmo bairro. Tendo em vista, os vínculos fortalecidos, sabíamos que, não estavam em um bom dia ou momento. Então, prontamente tivemos a ideia da atividade extramuro, recurso estratégico que implica em novas práticas e olhares para o sofrimento psíquico, onde buscamos nos aproximar do território do paciente, do seu contexto e dinâmica familiar e comunitária.
Na retomada das atividades, posterior, ao período pandêmico, notamos o quanto a ausência das reuniões fizeram falta no tratamento das nossas meninas e contando com esse recurso, observamos o fortalecimento das mesmas.
O processo grupal não traz garantias de "cura", de superação de um "problema", mas possibilita que mesmo recaindo, tropeçando, o paciente tem compreensão que existem espaços e profissionais prontos a atendê-lo por conhecer e respeitar a sua história.
Trabalhar com que ama é executar suas tarefas com responsabilidade, zelo e acima de tudo, prazer.
No prazer buscamos nos reinventar. Não se contentar somente com o trivial.
A saúde mental nos traz esses sentimentos.
Numa época em que as relações humanas estão perdidas no vazio artificial das redes sociais e que os contatos interpessoais estão cada vez mais raros, rasos e distantes, estabelecer laços de afeto e calor humano são raros.
A maioria dos pacientes chegam extremamente sensíveis, fragilizados e, a partir, desse momento, a construção do vínculo gera no profissional, um sentimento de renovação e reenergização na sua prática profissional.
Para além disso, o vínculo revela-se como um recurso terapêutico que ocasiona o encontro e seguimento do paciente e/ou família, permitindo ao binômio profissional-usuário atingir os objetivos e metas traçadas em seu Plano Terapêutico Singular – PTS.
Nota: todos os participantes estavam sem máscara, por se encontrarem, em meio aberto para as fotos devidamente autorizadas através do termo de consentimento livre e esclarecido (anexado em seus prontuários individuais).